*José Antonio Borges Maciel Neto
Ainda na pré-adolescência, aprendemos que nossa espécie, homo-sapiens, ou seja, “homem sábio”, é a única dotada de faculdades intelectuais que nos permite modificar o ambiente em que vivemos, de forma a trazer melhorias e “evolução”. A espécie humana foi à única que dominou a linguagem, desenvolveu a capacidade de raciocínio abstrato, de introspecção e resolução de problemas. Entretanto, nesta etapa do meu desenvolvimento, eu ainda estava imerso na ingenuidade, meu conceito de evolução era diferente do conceito dos adultos. Eu era então, um pré-humano.
Penso que se a espécie humana estivesse sendo apresentada a um alienígena, creio que ele teria dificuldade de nos reconhecer ao meio dos outros animais, tendo apenas as características ora descrita no parágrafo anterior. Ele certamente não veria nada além de “símios” eretos, sem pêlos, cobertos de tecidos e com uma vaga capacidade de raciocínio, uma utópica capacidade que se auto-atribuem de evoluir o planeta em que vivem. Certamente ele ficaria impressionado com nossa capacidade de criar coisas inúteis às quais nos acorrentamos e a de nos espalhar como ervas daninhas no solo do planeta.
Nossa espécie é tão desprovida de sentidos que dificilmente um de nós desenvolve a capacidade da autocrítica. Maldizemos o desmatamento, combatemos verbalmente a tortura, a guerra e, ao mesmo tempo, ficamos indiferentes perante preconceitos e problemas que não nos atinja diretamente. Somos mesquinhos e individualistas, algo que não parece inerente a seres evoluídos.
Antes de vivermos o capitalismo e seus dogmas, acredito que estávamos mais próximos do conceito dado pra espécie “homem sábio”, pois investigávamos mais sobre nossa condição humana e buscávamos incessantemente um sentido pra vida. O capitalismo organizou o sistema de tal forma, em que todos desejam uma única coisa - obter lucro e adquirir mais que os demais. Resumimos o que somos em nosso poder aquisitivo.
Atualmente, vivemos como máquinas, trabalhando horas e horas todos os dias para pagar contas. Não temos tempo para a família e a educação dos filhos, sendo nossa obsessão comum a de poder consumir tudo o que brilhar aos nossos olhos. Desta forma, nos condicionamos a usar nosso semelhante para atingir interesses pessoais e descartamos aqueles que não nos servem. No fim, repartimos nossas “glórias” apenas com familiares e amigos de interesses comuns, mesmos que estes, não tenham servido de ferramenta para atingirmos nossos objetivos.
Os valores e sentimentos que nos eram peculiares e deram origem ao conceito de Dignidade da Pessoa Humana ficaram esquecidos. Ter dignidade resumiu-se apenas em conseguir adquirir os modelitos que o sistema impõe.
Não conseguimos mais alcançar um sentido pra vida e, finalmente, nossa capacidade de encontrar soluções esta limitada pelo isolamento e a depressão daqueles que desistiram de encontrar a felicidade.
Por fim, estúpidos somos nós que desejamos um mundo que a grande maioria não esta preocupada e, tão pouco, ocupada em construir para seus herdeiros.
Quem sou eu para discordar de um gênio dos homo-sapiens como Nietzsche? “humano, demasiado humano”
*Soldado Brigada Militar - Corpo de Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul
Nota do Blog: Aguardando a desvinculação. Bombeiro não é Polícia
Muito bom.
ResponderExcluirA lucidez do brigadiano não condiz com a da maioria.
Bom saber que nem tudo esta perdido.
Camila Stoffel
ResponderExcluirSabias palavras José infelizmente hoje em dia todos pensam apenas no seu próprio bem estar,são egoistas e vivem em busca de algo que talvez nunca consigam alcançar uma falsa felicidade quem sabe...
É como dizia Dalai Lama o Homem vive como se nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido...
essa porra ñ tem nada a ver com oq eu pesq
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