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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Brigadianos, pneus e a suposta crise na segurança pública

*Rodney Ribeiro Torres Junior

A onda de manifestações espalhadas pelo Rio Grande do Sul, mais precisamente nas estradas gaúchas e agora chegando à capital, revelam dois cenários. O primeiro, muito conhecido e também histórico, é a insuportável condição salarial da Brigada Militar. O segundo diz respeito à criação de um factóide sobre uma suposta crise na área da segurança pública.
Não é a primeira vez que setores conservadores da sociedade gaudéria e da mídia criam um ambiente de beligerância entre um governo popular e democrático e os trabalhadores da segurança no Estado.
Durante o governo de Olívio Dutra (1999-2002) foi criado um ambiente hostil principalmente contra o secretário de Segurança naquela época, José Paulo Bisol. Quem não lembra de Bisol dizendo que havia uma banda podre dentro das corporações? E o que foi criado por estes setores? Passaram a ideia de que o governo estava maculando as instituições, dizendo que a Brigada e da Polícia Civil eram corruptas e não apenas uma pequena parcela delas. Aliás, isso existe em todas as categorias.
Apenas para citar dois casos mais recentes, oficiais envolvidos em desvios de telhas e de colchões da Defesa Civil e soldado da BM e agente da PC passando informações a traficantes na zona norte de Porto Alegre.
As reivindicações sobre a pauta salarial sejam elas de civis ou de militares, são completamente justas e legais, as quais tem meu total apoio. Não concordo com o tipo de ações que esses supostos policiais militares estão espalhando pelos quatro cantos de nosso estado.
O que tem que se ter noção sobre essa questão é que o atual governo, desde a campanha eleitoral, acenou à categoria da segurança pública com o pagamento do piso nacional, ao longo do mandato. Esse compromisso foi assumido, para ser cumprido em quatro anos e não no primeiro. Muito menos com um orçamento que é do governo anterior, já que o orçamento do governo Tarso será a partir de 2012.
A quantidade de pneus que estão sendo queimados nas estradas e na capital deixa qualquer movimento social com inveja. Principalmente a abundância em pneus de trator. Nunca vi uma disponibilidade tão grande desse tipo de pneus para manifestação.
Onde está o serviço de inteligência da Brigada Militar, a popularmente conhecida “P2”, que ainda não identificou os responsáveis pelos atos de bloqueio de vias. A direção da ABAMF será punida, pois admitiram publicamente terem realizados os primeiros atos de protestos nas estradas? Qual a legitimidade da Brigada em reprimir futuros atos semelhantes de movimentos sociais, se não investigou e puniu os seus?
O que me parece estranho é que os mesmos que sempre discursam contra o MST, professores, bancários e demais movimentos sociais, sejam rurais ou urbanos, que se utilizam do expediente de bloquear vias, ou fazer ocupação de prédios, alegando que não se pode prejudicar terceiros com manifestos, agora de uma hora para outra, apoiam irrestritamente esses bloqueios e queimadas.
O que tem por trás destes manifestos? Quem está fornecendo os pneus, especialmente os de tratores? A qual setor interessa criar factóides e desestabilizar o governo?

*Vice-coordenador do Conselho Municipal de Justiça e Segurança de Porto Alegre

3 comentários:

  1. Governador Tarso deu o primeiro passo pra ser o próximo Cabral.
    Não duvido que contrarios ao aumento tenham queimado pneus na capital pra ter um motivo que lhe permitam se eximir do compromisso com a BM.
    Afinal, ninguem sabe a autoria, portanto, a postura do Governo é precipitada e transparece má vontade.

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  2. Não se pode esperar nada de um Governo que coloca inimigos em cargos de confiança. Ou seja, um Governo que vende a alma pro diabo em troca de poder.
    Que venha o PSOL em 2015.

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  3. Assim como os anseios da sociedade não foram contemplados, como autonomia para os Bombeiros e a extinção do Tribunal Militar. Também os monopólios de mídia, tanto no Brasil como aqui no RGS, não foram enfrentados nos seus interesses financeiros. A Globo, Veja, Época, Folha e Estadão continuam sugando um naco muito grande das verbas públicas de publicidade. No RGS a "PRBS", bate...bate...bate....mas leva tudo para seu cofre. A verba de mídia do Estado continua centralizada nos monopólios, e nada para os outros segmentos de comuncação. O programa de governo Tarso, tem bem claro, que teriamos a distribuição isonômica dos recursos publicos. Infelizmente nada é assim, os governos ditos de "esquerda" despejam recursos nos monópolios, e estes atentam contra a liberdade e a democracia. Infelizmente o discurso e a prática politica não andam de "mãos dadas".

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