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quarta-feira, 31 de março de 2010

Somos, sim, partido político e daí? - confessa uma executiva da Folha

Maria Judith Brito é também presidente da Associação Nacional dos Jornais - ANJ

- A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo [Lula].

A declaração franca e sincera partiu da executiva do grupo Folhas e presidente da ANJ (Associação Nacional dos Jornais), Maria Judith Brito (foto). A inconfidência se deu no dia 18 de março último em reunião na sede da Fecomércio, no Rio, e contou com o testemunho de jornalistas e dirigentes das entidades de imprensa, Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV) e Aner (Associação Nacional dos Editores de Revistas).

O que a presidente da ANJ admitiu é precisamente o que este blog DG repete desde que veio ao mundo, cinco anos atrás: a mídia brasileira é o grande partido político de oposição no Brasil, face à opacidade dos partidos tradicionais e seus líderes. Esse fato não seria tão grave, se a própria mídia admitisse a condição de partido político de oposição. Mas na prática não é o que se vê, a grande imprensa insiste em representar o (falso) papel de protagonista da isenção política e da neutralidade ideológica. Com a confissão de Judith Brito (a rigor, uma trapalhada política imperdoável, se vista sob o prisma de interesses da direita) a conversa sai do território do cinismo e começa a adentrar uma área de menos fricção e mais sinceridade, por parte dos donos e executivos da mídia brasuca.

Agora, só resta aos afiliados e associados da ANJ reproduzirem em editoriais altissonantes a admissão tardia de sua liderança maior. Acho difícil que isso aconteça, mas de qualquer forma fica o registro (indelével) para a posteridade.

As palavras de Judith Brito estão gravadas no bronze incorruptível da nossa memória. (Retórica à moda de Gaspar da Silveira Martins, líder maragato guasca.)

Foto Eliária Andrade/O Globo

terça-feira, 30 de março de 2010

De José Fogaça para seus 470 mil eleitores


José Fogaça (PMDB) renunciou hoje ao cargo de prefeito de Porto Alegre, para o qual foi eleito no final de 2008. Uma das estratégias do PMDB para tentar neutralizar os impactos negativos da renúncia é compará-la, incessantemente, com a renúncia de Tarso Genro (PT) à prefeitura, em 2002. Essa estratégia foi replicada o dia inteiro hoje nos meios de comunicação de Porto Alegre, sendo abraçada por vários colunistas políticos. Além de tentar diluir os danos à imagem de Fogaça, esse movimento tenta puxar Tarso mais uma vez para o tema da renúncia. Um movimento esperado e previsível.

Mas isso não é o mais importante em todo esse episódio. O ofício do prefeito que renuncia não se dirige aos 470 mil e 696 portoalegrenses que acolheram, nas urnas, o pedido de Fogaça para permanecer mais quatro anos na prefeitura. O mínimo que o prefeito deveria fazer neste dia é dirigir-se a esses eleitores explicando suas razões. Fogaça não fez isso, limitando-se a enviar um ofício burocrático ao presidente da Câmara de Vereadores. Um ofício redigido numa linguagem bem distante das incursões emotivas do autor de “Vento Negro” que marcaram boa parte do discurso de campanha do candidato (ver vídeo abaixo).


Tudo se passa como se Fogaça quisesse se livrar rapidamente do cargo e dessa situação incômoda, sem prestar contas à população do que fez até aqui e do porquê de sua decisão e abandonar o cargo para o qual foi eleito. O fato de Tarso Genro ter renunciado à prefeitura em 2002 não legitima politicamente a omissão de Fogaça em prestar contas a seus eleitores. As decisões que Tarso Genro e o PT tomaram no processo eleitoral de 2002 tiveram seu custo político. E esse preço foi pago. Por isso, o PT tem todo o direito (e dever) de se manifestar agora sobre a renúncia do prefeito e emitir seu juízo sobre a administração Fogaça. Quem tem uma conta a acertar agora com a população de Porto Alegre é o sr. José Fogaça. Uma conta cujo valor não pode ser pago com um ofício burocrático.

Extraído do RS Urgente

Se o pesquisador do futuro recorrer aos jornais de hoje como única fonte de consulta, contará uma história mentirosa. Lula disse bem.

Por Mino Carta - Carta Capital (edição 589 - 31/03/2010)

A transparente satisfação com que a mídia nativa celebrou os últimos movimentos do governador José Serra, tomados como prova de uma candidatura de fato já encaminhada, mostra, redondamente, o lado escolhido pelos barões midiáticos. Como sempre, o lado contrário a Lula. No caso, em oposição à candidata do presidente.

Não é novidade. A mídia nativa não engole um ex-operário que se torna inquilino do Palácio do Planalto, cenário quem sabe talhado em definitivo para bacharéis engravatados, quando não generais de quatro estrelas. Ódio de classe? Misturado com a inextinguível suspeita de que Lula acabe por cair em tentação e reedite ideias e ideais do PT de 1980.

Rota traçada desde 1989, quando foi inventado o “caçador de marajás” para impedir a ascensão do Sapo Barbudo. Nem se fale da euforia provocada pela descoberta de um Fernando Henrique rei dos economistas, além de príncipe dos sociólogos, prontamente apresentado como criador da estabilidade. E esta foi também a bandeira da campanha do segundo mandato, embora arreada 12 dias depois da posse.

Surpresa em 2002: Lula derrotou com ótima margem o ex-ministro José Serra, a despeito de sua badaladíssima gestão na pasta da Saúde, quando o mundo mais uma vez curvou-se diante do Brasil. Não bastou insistir na ideia de que Serra era “preparado”, a significar que o outro era irremediavelmente despreparado.

A mídia não percebeu então que seu poder de fogo diminuíra bastante e perseverou na linha contrária ao governo, crivado por críticas ferozes, ataques sem conta, acusações retumbantes, até o chamado “mensalão”, que não foi provado nos termos apontados pelo jornalismo pátrio. Mais significativa e consistente do que a anterior, a vitória de Lula em 2006. Nem por isso, a mídia aproveitou a lição.

Repito o que foi dito em outras oportunidades neste espaço: a eleição de Lula é um divisor de águas na história brasileira. Pela primeira vez, a maioria dos brasileiros apreciou votar naquele com quem se identificava, um igual, em lugar de um senhor enfatiotado, recomendado por seus pares. E, pelo caminho, a maioria convenceu-se que valeu a pena.

Quem não se convenceu foi a mídia. A imprensa, de que muito poucos a leem. A eletrônica, que só vale quando transmite novela, big brothers e faustões. Nesta aposta em si própria, não saiu da velha rota. Diariamente, basta passar os olhos pelas páginas dos jornais que alguns teimam em chamar de “grande imprensa”, para tropeçar em editoriais, artigos, colunas e reportagens destinados a demonizar Lula e condenar seu governo.

Quarta-feira 24, ao falar em Brasília no quadro do programa Territórios da Cidadania, o presidente da República disse: “Fico imaginando daqui a 30 anos, quando alguém quiser fazer uma pesquisa sobre a história do Brasil e sobre o governo Lula e tiver de ficar lendo determinados tabloides. Ou seja, este estudante vai estudar uma grande mentira”.

Haverá quem queira discutir a qualidade do texto, a forma. O conteúdo, no entanto, é claríssimo e não admite dúvidas. Se o pesquisador-estudante se contentar com a leitura dos “tabloides”, ou seja, dos órgãos da nossa imprensa, aprenderá uma história desfigurada por erros e omissões. E mentiras.

Quanto à CartaCapital, nos esforçamos para praticar o jornalismo honesto, na contramão da hipocrisia de quem afirma isenção, equidistância, independência, imparcialidade, enquanto se entrega a formas diversas, porém afinadas, de propaganda partidária. Em busca da verdade factual, criticamos Lula e seu governo ora de maneira positiva, ora negativa. Há duas semanas, entendemos como passo em falso as declarações do presidente a respeito dos presos políticos cubanos. Na semana passada, renovamos nossa reprovação a quaisquer interferências governistas para limitar a liberdade de expressão.

CartaCapital orgulha-se de remar na contracorrente, mesmo quando entende que o governo em seus dois mandatos poderia ter feito muito mais no plano social, ou reputa deslize gravíssimo, a provar prepotência e ignorância, o comportamento em relação ao Caso Battisti. No mais, a entrada de Serra na liça vale para iluminar a ribalta.

Não se trata de valorizar a demanda de muitos tucanos, favoráveis a uma definição rápida, mesmo porque compreendemos a estratégia do pré-candidato, baseada na tentativa de escapar ao embate plebiscitário à procura do confronto direto com a candidatura Dilma. Deste ângulo, tem de ser encarado o nítido empenho tucano em manter Fernando Henrique longe da campanha. Mas não será fácil sair do círculo traçado por Lula em torno do pleito.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Neuza Canabarro diz: "Agora é a vez do Tarso"

Íntegra das notas taquigráficas da sessão de ontem (25/3), na CMPA, onde a vereadora Neuza Canabarro cobrou a palavra e o caráter do Prefeito José Fogaça, sendo logo em seguida agredida e desrespeitada pelo Líder do Governo Valter Nagelstein, a chamando de amargurada, ingrata e leviana. E ainda sobrou pro Collares, que teria se vendido por um "saco de dinheiro"...

A SRA. NEUZA CANABARRO: Exmo. Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, funcionários desta Casa, eu diria que estou tendo a oportunidade, hoje - no dia em que o meu Partido, o PDT, sela uma aliança, um compromisso com o PMDB para apoio ao Governo do Estado -, de colocar a nossa posição - a minha, a do Collares e de muitos outros.
Em primeiro lugar, quando se escolhe um candidato, se escolhe pelo programa partidário, pelas ideias. Vejam bem, num Partido, temos as nossas diferenças, temos as nossas dificuldades. Mas nós temos o seguinte: nós temos sofrido muito dentro do Partido; não por esses que passam, mas pelas ideias. Então, o primeiro ponto, Ver. Toni Proença, que nos leva a ter dúvidas neste candidato. O candidato Fogaça, que eu admiro como um grande compositor; sua maior obra está sendo, neste momento, homenageada pelo Zaffari - “Porto Alegre é Demais”; sem dúvida alguma, é unanimidade. Agora, uma coisa que eu gosto de ver é o que se chama de caráter. Quando o Prefeito Fogaça - o compositor, o poeta, do velho PMDB - sai do PMDB, é porque este não mais lhe servia, e deveria ter fortes razões para isso. O que ele faz? Ele vai para o PPS! Surpreendentemente, porque nós somos românticos, porque a música nos empolga, ele se elege Prefeito de Porto Alegre - pela sua música, pelo bom-moço, pelo “Joãozinho-do- passo-certo”, elege-se Prefeito de Porto Alegre! E quando lhe era perguntado se ele iria sair do PPS, todos aqui sabem o que ele dizia na imprensa: “Não, eu não vou sair do PPS”. Um Vereador aqui me disse: “Ele disse para mim, ele não sai do PPS”. Voltou ao PMDB! Mas ele voltou para aquele que ele não queria mais?! Houve o quê? Uma reengenharia no PMDB? O que ocorreu? Ele voltou ao PMDB! Aí, eu já fico com as minhas dúvidas.
Outra: um ano e oito meses atrás, na AMRIGS - eu estava presente, o Collares estava presente -, num debate promovido pela RBS, perguntaram: “O senhor vai renunciar para o Governo do Estado?”. “Não, eu não vou.” Vejam bem! O Prefeito Tarso renunciou, e o povo gaúcho cobra: veio pedir o voto para quatro anos, fique até o fim! Isso tem que ser “cavalo-de-batalha”. Agora é a vez do Tarso, eu acredito. Por quê? Porque ele já penou pelo erro que cometeu. Então, aí está o segundo ponto: se disse que não ia renunciar e vai renunciar... Ele tinha compromisso com o povo; tem que pelo menos lembrar e dizer: “Estou revisando a minha ideia”. Todos podem revisar.
Outro aspecto: aquela colocação de dizerem para nós, pedetistas: “Vai nos dar a Prefeitura”. Vai dar nada! O Fortunati é o Vice, se ele faz uma opção de ser o candidato ao Governo, a Prefeitura é nossa; isso não se negocia, não é favor. Agora, no meu entendimento, isso é coação, isso é chantagem! Saturnino Braga prometeu ao Brizola que daria como Suplente, o Lupi; ele daria quatro anos; assinou em cartório o compromisso; quatro anos depois, não quis dar. O Brizola foi à Justiça, e sabem o que a Justiça disse? “Qualquer pessoa, no momento de uma eleição, cede a uma coação, a uma chantagem, portanto, ele não tem por que renunciar.” Então, isso aí é outra coisa de caráter que eu não gosto.
Outra: não houve reunião do Diretório: as cúpulas se reuniram e acertaram. Agora, tem muita gente descontente, a pesquisa da Zero Hora disse: 20 querem Fogaça, 21 querem Tarso, e 17 não querem se posicionar, por quê? É porque vão com o Partido? Por que não querem se posicionar? Saiam às ruas para verem.
E, após a eleição, nós vamos ver. Eu acredito que esse candidato não chegue ao segundo turno! (Palmas.)
Notas taquigráficas do pronunciamento do Valter (cortados os apertes)

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; meu querido amigo, a quem admiro muito, Vice-Presidente desta Casa, Ver. Mario Manfro, a quem penhoradamente agradeço a cessão do tempo.
Sei que o tempo de Grande Expediente é algo muito nobre para todos nós Vereadores, é um momento de que dispomos, de 15 minutos, é um espaço em que podemos falar a respeito de nossos Projetos, das nossas posições, dos nossos trabalhos. É extremamente generosa a oferta que faz o Ver. Mario Manfro cedendo seu tempo, pelo que, Ver. Mauro, meu apreço, meu agradecimento e meu abraço! De fato é comovente a indignação da oposição. Eu espero que a população de Porto Alegre esteja testemunhando, porque, graças a Deus, graças também aos milagres da tecnologia, nós dispomos hoje de uma TVCâmara, que leva, ao vivo, para quem quiser ver e para todas as pessoas, espetáculos protagonizados, Ver. Ervino, dessa pequena dimensão. O que quiseram fazer agora, Ver. Haroldo, nessa manobra baixa, rasteira, foi cassar o nosso sagrado direito de fala. Depois de uma tarde toda, de forma vil, de forma rasteira, terem atacado não só o Governo, mas a honra e a dignidade do Prefeito José Fogaça. E isso é inatacável. E é por isso que este Vereador, na condição de Líder do Governo, mas ao lado dele, tenho certeza, todos os 26 vereadores que compõem o nosso Legislativo levantam-se - Ver. DJ Cassiá, Ver. Mario Manfro, Ver. Dr. Raul, Ver. Dib, Ver. Luciano Marcantônio, Ver. Ervino Besson - porque todos nós, de forma indignada, mas de forma cidadã, queremos levantar o nosso brado da mais profunda repudia. É inaceitável, Ver. Mauro Pinheiro, V. Exa pode se irritar comigo, pode querer ter arroubos de vir na minha direção, não há problemas, mas lamento mais do que tudo, porque sei que V. Exa é um jovem Vereador, assim como eu, bem intencionado, que tenha caído nessa armadilha de tentar ceder às tentações do arroubo ditatorial e tentar cassar a palavra dos seus colegas. Espero que V. Exa, lá no fundo da consciência, e sei que vai fazer, num ato de contrição, se arrependa.
Mais abismado fiquei, Srs. Vereadores, com a fala, Ver. Ervino Besson, da 6ª Suplente do Partido Democrático Trabalhista, que tenho certeza, certeza absoluta, arraigada lá no mais recôndito da minha alma, que não é acompanhada na sua manifestação por nenhum dos Vereadores do PDT desta Casa. Posso compreender as razões da Vereadora, muitas delas inconfessáveis, não faria e não cometeria o mesmo deslize de vir a esta tribuna para atacar, nem a sua dignidade, nem a sua honra, nem do ex-Governador Collares, por quem eu tenho o maior respeito. Mas não posso admitir, e não podemos admitir, em nenhum momento, que um Vereador de um Partido que compõe a nossa base venha a esta tribuna, e, de forma leviana, suscite dúvidas a respeito do caráter do Prefeito José Fogaça, que, com relação a ela, foi sempre tão generoso; com relação a ela, cedeu-lhe inclusive um diretor da Carris, por sua indicação. Não sei qual o desdém, não sei qual a amargura, não sei qual a tristeza, espero que não seja a professora Neuza, realmente, uma pessoa amargurada. A professora Neuza que conheço é outra, uma mulher generosa, que queria criar o Calendário Rotativo no Rio Grande do Sul, o que era, também, uma ideia generosa de fazer com que as crianças que não tinham acesso à escola, pudessem ter, e, naquele momento, sofreu uma oposição cruel.
O Governador Collares, primeiro negro que chega ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul, mercê das suas qualidades, do seu trabalho. Condenado pelas circunstâncias da vida, não chegaria, jamais, talvez, a este posto. Mas, pelo seu carisma, pelo seu trabalho, pela sua gana, pela sua dedicação, pelo seu esforço, acima de qualquer outra coisa, formou-se advogado, Vereador desta Cidade, como nós, Deputado, Governador do Estado, Prefeito desta Capital - grande Prefeito, justiça seja feita -, e bota, parece-me, com o devido respeito, na lata do lixo da história toda esta trajetória.
Eu não quero acreditar que tenha feito isso, como dizem alguns, por maldade - eu jamais faria isto - porque foi contemplado com um cargo lá em Itaipu. Não é da natureza do Governador Collares, não é um homem, não é o Governador Collares que eu conheci.
Eu me lembro – já lhe concedo o aparte, de Augusto dos Anjos, que dizia (Lê.): “Vês! Ninguém assistiu ao formidável/Enterro de tua última quimera./Somente a Ingratidão - esta pantera - /Foi tua companheira inseparável!/Acostuma-te à lama que te espera!/O Homem, que, nesta terra miserável,/Mora, entre feras, sente inevitável/Necessidade de também ser fera./Toma um fósforo. Acende teu cigarro!/O beijo, amigo, é a véspera do escarro,/A mão que afaga é a mesma que apedreja./Se a alguém causa inda pena a tua chaga,/Apedreja essa mão vil que te afaga,/Escarra nessa boca que te beija!”
Quem diria, Ver. Besson, que aquele Governador que foi humilhado, espezinhado, trucidado, em uma CPI artificial, criada por uma oposição doentia, como nós aqui também sofremos, hoje, esquecendo dessas coisas todas - queira Deus que não seja trocando por um saco de dinheiro -, se dobra a esta posição subserviente, e ataca o Governo que, há pouco, servia-lhe e continua servindo. Espero que não seja esta a posição, porque é muita ingratidão! É muita ingratidão!
(apartes)
O SR. VALTER NAGELSTEIN: Muito obrigado, Ver. Mario Manfro. Agradeço a todos os Vereadores, e concluo, dizendo, Sr. Presidente, nesses 30 segundos que me restam, do meu respeito pelo PDT. Eu venho de um berço trabalhista, fui forjado exatamente nessa escola, na escola de Getúlio Vargas, de Pasqualini, de Jango, de todos esses homens que são, na verdade, as vertentes do velho PDT, do velho PTB, do PTB que aqui está, do meu PMDB, diferentemente do PT. Por isso que sempre conseguimos conviver de forma harmônica, por isso que nos respeitamos nos nossos Governos; por isso que, no Governo do PT, eles tentaram... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

Foto: Lívia Stumpf/CMPA

quinta-feira, 25 de março de 2010

TRE RECONHECE ERRO NO SEU SITE

O TRE do RS admite erro em nota publicada em seu site, onde prejulga o conteúdo do jornal do PT, como irregular. Abaixo, a comunicação feita pelo órgão ao presidente do PT de Porto Alegre, vereador Adeli Sell.

Caro Vereador Adeli,

No corpo do texto redigido por esta ASCOM, constam as palavras "apreensão" e "busca", que caracterizam a concessão de uma liminar. Quanto à irregularidade do boletim - assim chamado na liminar, e não jornal -, também no corpo do texto, consta a palavra "supostamente", ou seja, não está dada como certa a visão de que o boletim é irregular. Quanto à chamada de capa, por se tratar de um título, deve ser breve e suscinta, somente se esclarecendo com a integralidade do texto (e, para efeito de liminar, o boletim foi considerado irregular: "vez que é inquestionável que o material publicitário impugnado está promovendo propaganda eleitoral extemporânea negativa de pré-candidato à próxima eleição" - texto da concessão da liminar). Contudo, por questões éticas, costumamos, inclusive, suprimir os nomes de partidos nas chamadas nestas situações. Mesmo não considerando um erro, a ASCOM deste TRE entende a preocupação de V. Sa. e irá alterar a chamada do texto. Sem mais, colocamo-nos a disposição

. Att., Jairo Grisa Assessor de Comunicação Social Substituto

Nagelstein diz que Neuza Canabarro é “leviana”


Na sessão dessa quinta-feira da Câmara Municipal, a bancada do PT entregou aos vereadores pedetistas cópia da carta que o deputado estadual Raul Pont, presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, enviou aos dirigentes e miltantes do PDT gaúcho.

Em seguida, ao discursar na tribuna, a vereadora Neuza Canabarro (PDT) comentou a aliança entre PDT e PMDB para concorrer ao governo do Estado, enfatizando sua posição - que alega ser a mesma do marido, Alceu Collares. Neuza disse que admira Fogaça como compositor e poeta, mas não concorda com "algumas coisas de caráter". Ela critica o fato de o atual prefeito ter saído do PMDB, ingressado no PPS e voltado ao PMDB mesmo tendo prometido não deixar o PPS. Também questionou o fato de Fogaça ter garantido cumprir o mandato de prefeito até o fim e agora ser candidato ao governo estadual. A vereadora afirmou, ainda, que José Fogaça fez “chantagem com o PDT”.

O vereador Valter Nagelstein, líder do governo, reagiu de forma violenta e destemperada, referindo-se a Neuza Canabarro como “leviana” e “amargurada”, além de duvidar que algum vereador do PDT esteja acompanhando o pensamento dela. Ainda segundo Nagelstein, Collares poderia estar apoiando o PT em troca de um “saco de dinheiro”.

Gabinete do Vereador Engenheiro Comassetto
Assessoria de Comunicação
Foto: Élson Sempé Pedroso/CMPA

quarta-feira, 24 de março de 2010

Jornal do PT apreendido pelo TRE

O TRE apreendeu, na tarde desta terça-feira, dia 23 de março, exemplares do jornal “Assalto na saúde de Porto Alegre”, editado pelo Partido dos Trabalhadores, na sede do PT Municipal. A publicação traz denúncias sobre a situação da saúde pública em nossa cidade, de acordo com ações impetradas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal sobre o desvio de 9,6 milhões de reais do Programa de Saúde da Família pelo Instituto Sollus, contratado pela Prefeitura de Porto Alegre para gerenciar programa.

O vereador Adeli Sell, presidente do PT-POA usou a Tribuna da Câmara Municipal no dia de hoje para colocar o seu profundo estranhamento acerca da apreensão do jornal do Partido e da Bancada, realizada pelo TRE, com base numa provocação feita pelo PMDB.

Adeli estranha que, apesar da apreensão, até o momento não recebeu qualquer notificação legal. Houve apenas uma nota deixada na bancada, na qual era dito que estaria sendo cometida injuria e difamação contra o Prefeito.

"Então, o Ministério Público e a Polícia Federal devem sofrer a mesma ação, porque em ambas instituições estão com processos em curso, e é exatamente isto o que noticiamos", diz Adeli.

Em junho de 1998 já ocorrera fato semelhante, quando o então presidente municipal do PT Marcelo Danéris e o Diretório do Partido do Trabalhadores foram condenados, em primeira instância, ao pagamento de 20 mil UFIRS, por publicação de material considerado propaganda eleitoral extemporânea. No dia 11 deste mês, a preliminar foi rejeitada por unanimidade, sendo a denúncia considerada improcedente.

Clique aqui, veja o jornal e tire suas próprias conclusões

Leia mais no RS Urgente

segunda-feira, 22 de março de 2010

DROGAS: Cartilha álcool e jovens

Álcool, acidentes e violência

Um estudo conduzido no Instituto Médico Legal de São Paulo, em 1994, analizou os laudos de todas as pessoas que morreram por acidentes ou violência na Região Metropolitana de São Paulo. Constatou que:

52% das vítimas de homicídio,
64% daqueles que morreram afogados e
51% dos que faleceram em acidentes de trânsito

apresentaram álcool na corrente sanguínea em níveis mais elevados do que o permitido por lei para dirigir veículos (0,6 gramas de álcool por litro de sangue).

Um outro estudo, em Curitiba, encontrou fortes evidências de que 58,9% dos autores dos crimes e 53,6% das vítimas de 130 processos de homicídios, ocorridos entre 1990 e 1995 e julgados nos Tribunais de Júri da cidade, estavam sob efeito de bebida alcoólica no momento da ocorrência.

Em Recife, durante o Carnaval de 1997, 88,2% das vítimas fatais e 80,7% das vítimas não fatais de acidentes de trânsito apresentaram exame positivo para intoxicação alcoólica.

Estudos feitos em Pronto-Socorros em Brasília, Curitiba, Recife, Salvador, São Paulo e Campinas, por diferentes autores e instituições, também encontraram presença de álcool no sangue de vítimas em porcentagens que variaram de 29 a 61%.


quarta-feira, 17 de março de 2010

O fim da revista Veja By Cloaca News

A renúncia de Fogaça: um balanço de 63 meses

Praça México - Jd. Leopoldina - Bairro Rubem Berta - 16/03/2010 (arquivo pessoal)

Por Paulo Muzell

No final deste mês de março, José Fogaça (PMDB) renuncia ao cargo de prefeito de Porto Alegre, por ele exercido por um longo período de 63 meses. Momento adequado para que se faça uma avaliação, uma reflexão retrospectiva. Hora de medir os “prós” e os “contra”, avaliar o que foi feito ou deixou de ser feito nestes mais de cinco anos. Foi, não há qualquer dúvida, um governo pródigo de slogans, anúncios e promessas e muito pobre em realizações.

O saldo do balanço é extremamente negativo. Os investimentos da Prefeitura diminuíram, os serviços municipais pioraram, há uma aguda crise na saúde, temos uma cidade mais suja, mal iluminada, com suas praças e áreas verdes mal cuidadas, um trânsito caótico. Denúncias de desvios e propinas se multiplicaram.

A oposição – com a mais absoluta razão – o acusa de privatista e aí estão os episódios da frustrada tentativa de entregar à iniciativa privada o cadastro do ISSQN da Fazenda Municipal; a parceria público-privada que cedeu a exploração do Araújo Viana (foto) a uma empresa; o camelódromo construído e explorado pela iniciativa privada; o desmonte do DMLU; as mudanças no Plano Diretor favorecendo os interesses da especulação imobiliária, incluindo-se aí a entrega do “filé”, do “funil” do centro da cidade – permitindo até a construção de shoppings e espigões com até de 100 de altura, sem qualquer estudo preliminar de impacto viário – tudo sob o “manto” e o pretexto da revitalização do Cais do Porto.

Os servidores municipais se queixam – também com a mais absoluta razão – da secundarização do seu papel como protagonista nas ações e projetos da Prefeitura: diminuíram seus salários, aumentaram as desigualdades e os privilégios, reduziu-se seu efetivo enquanto avançou a terceirização e o número dos “amiguinhos” do governo: cargos em comissão e estagiários. O SIMPA revela ou números. Nas Secretarias municipais existiam no começo de 2005 – primeiro ano de Fogaça – apenas 267 cargos em comissão. No final de 2009 já eram 476, quase o dobro! Se incluirmos as autarquias e fundações seu total atinge mais de 750! Só na Procempa, uma empresa técnica de informática, existem 52! A pergunta é: trata-se de uma empresa de informática ou de um “depósito de políticos desempregados” em eventual exílio por “problemas” com eles ocorridos?

O número de estagiários das Secretarias era pouco mais de 1.000 em 2005, no final de 2008 já atingiam 2 mil e trezentos! O gasto com serviços de terceiros (pessoa física e jurídica e auditorias) pulou de 596 milhões em 2004, para 734 milhões em 2008, um aumento de quase 140 milhões de reais por ano de uma despesa que ocupa espaço crescente, reduzindo salários e os investimentos no orçamento municipal.

Apesar de fortemente blindado pela mídia – especialmente pela RBS –, não há nenhum dúvida que o ex-senador e ex-prefeito terá sérias dificuldades para explicar na campanha eleitoral que se avizinha seu lamentável desempenho à frente da Prefeitura de Porto Alegre.

“Troco do Coração”: Zaffari pede a clientes que tapem furo de Fogaça na Saúde


Leitora Silvia relata experiência inusitada no caixa do Zaffari (vários leitores e leitoras, aliás, já relataram o mesmo):

“Inacreditável, após fazer as compras no Zaffari quando a caixa estava para finalizar o total perguntou timidamente se eu gostaria de doar os 0,42 de troco - eu estava pagando com o cartão de débito - para o Hospital de Pronto Socorro. Incrédula perguntei para qual hospital? O de Porto Alegre? Pasmem, é sim campanha descarada para a campanha do Fogaça, a campanha chama- se “TROCO DO CORAÇÃO”, isso em ano eleitoral. Na última eleição para prefeito, todos os caixas vendiam CD do Fogaça durante a capamha e no dia da eleição. Realmente a coisa está escancarada, a troca de favores entre a prefeitura e o Zaffari é latente”.

Já recebi o mesmo pedido, várias vezes, nos últimos dias. Chamou-me a atenção o ar constrangido da funcionária do caixa, obrigada a participar da presepada. Essa campanha é a cara de Fogaça e dos setores de classe média e alta que o apóiam. Defendem e praticam o Estado mínimo, sucateiam os serviços públicos, colocam um adesivo de “Chega de tanto imposto” em seus automóveis e depois bolam uma campanha de voluntariado para repartir a conta com a população.

Em sua próxima campanha, a empresa poderia pedir aos clientes uma contribuição para tapar o rombo de R$ 10 milhões no Programa de Saúde da Família em Porto Alegre.

Alô, Ministério Público…

Ilustração: Imagem de propaganda institucional do Zaffari (disponível no Youtube)

Extraído do RS Urgente

Também poderia contratar mais negros, pois é muito raro encontrar no Zaffari negros trabalhando em locais que não sejam no depósito.

(Grifo meu)

Nova edição do vídeo

terça-feira, 16 de março de 2010

Imprensa Marron ataca deputado


O deputado Dionilso Marcon (PT) criticou, na tribuna da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (16), a conduta do jornalista Giovani Grizotti, da RBS. “Este jornalista tem se prestado ao papel de perseguir os movimentos sociais e os parlamentares. Faz isso com os sem terra, com as trabalhadoras rurais, com os caminhoneiros e, agora, com os deputados”, afirmou.Marcon foi abordado na entrada do plenário pelo jornalista, que queria saber por que o parlamentar deu presença na sessão da última quinta-feira e se retirou. “Como não havia votação, registrei a presença e fui para uma reunião no plenarinho com mais de trinta entidades. O trabalho parlamentar não se dá só na hora das votações. Trabalhamos dentro e fora da Assembleia”, explicou o petista.Segundo Marcon, a abordagem feita por Grizotti foi agressiva e desrespeitosa. “Sofri uma agressão moral, que reflete preconceito deste jornalista com os mandatos parlamentares”, assinalouA mesma cobrança foi feita pelo jornalista a outros deputados. A deputada Leila Fetter (PP) e o deputado Alexandre Postal (PMDB) também usaram a tribuna para criticar a postura do jornalista.

Do Tomando na Cuia

segunda-feira, 15 de março de 2010

Fogaça, cadê os R$ 10 milhões?

Charge do Kayser

ZERO HORA E FOGAÇA: NO LIXO, A VERDADE

Clique no título e leia a matéria no Cloaca News.

Vereadores do PT protocolam representação de improbidade contra o prefeito no MPF



Nesta quinta-feira (11), vereadores da bancada do PT na Câmara Municipal protocolaram representação junto ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público Estadual pedindo a responsabilização do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, por improbidade administrativa na contratação do Instituto Sollus para o gerenciamento do Programa de Saúde da Família na capital. Cópias do documento foram entregues, também, para a Polícia Federal e para o Conselho Municipal de Saúde.

Na representação, entregue ao procurador federal Jorge Luiz Gaspari da Silva, que já vinha acompanhando o caso, e à Procuradoria de Justiça do RS, foram relacionadas todas as irregularidades ocorridas no processo de contratação e de prestação de serviço do Instituto Sollus, desde 2007, bem como anexados todos os documentos comprobatórios das fraudes.

Ao frisar a importância do trabalho das instituições de controle externo na investigação de irregularidades que são constatadas nas gestões públicas, o líder da bancada do PT na Câmara, Carlos Comassetto, lamentou que, até o momento, o requerimento para criar uma CPI na Câmara de Porto Alegre para apurar as ilegalidades ainda não tenha obtido as 12 assinaturas necessárias para a instalação da comissão. “Sem o instrumento da CPI, nos dirigimos ao Ministério Público e à Polícia Federal na expectativa de que as irregularidades sejam investigadas a fundo, os responsáveis pelo desvio de R$ 9,6 milhões punidos e que os recursos retornem aos cofres públicos para melhorar a saúde da população porto-alegrense”, observou.

O deputado Raul Pont, que acompanhou os vereadores, considera impossível irregularidades deste porte serem cometidas à revelia de quem está no governo. “Minha experiência como prefeito de Porto Alegre mostra que sem a convivência de algum integrante da gestão pública este tipo de crime não prospera. Quem administra tem o dever de aferir notas, documentos e prestações de contas periodicamente. É uma obrigação inerente ao governante”, sustentou o parlamentar.

Acompanharam as audiências os vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Maria Celeste e Mauro Pinheiro.

Entenda o caso:

Em janeiro de 2010, foi desencadeada pela Polícia Federal (PF) a Operação Pathos, a partir de denúncias do Ministério Público Federal (MPF), com a finalidade de investigar os desvios de mais de R$ 9,6 milhões na saúde de Porto Alegre envolvendo o governo municipal e o Instituto Sollus, responsável pelo gerenciamento do Programa de Saúde da Família (PSF) na capital.

O assunto não é novidade, pois desde 2007 já vinham sendo apontadas irregularidades na contratação do Instituto pelo MPF, MPE, TCE, Conselho Municipal de Saúde e Bancada do PT na Câmara Municipal, mas o governo municipal não tomou devidas providências para resolver os problemas.

De acordo com a Polícia Federal e o Ministério Público, o Instituto Sollus utilizou notas fiscais falsas em sua prestação de contas e fez contratou serviços estranhos à área da Saúde como honorários de advogados, consultorias, planejamentos, auditorias, propaganda e até compra de bolos e flores. Conforme levantamento, o Sollus teria desviado mensalmente R$ 400 mil do valor repassado para a prefeitura de Porto Alegre pelo Fundo Nacional de Saúde para gerenciar os PSFs. A investigação segue em segredo de justiça e deverá estar concluída ainda no primeiro semestre de 2010.

Em janeiro de 2010 a bancada de oposição encaminhou pedido de CPI da Câmara para aprofundar as investigações sobre a gestão dos PSFs.

Atualmente o gerenciamento dos PSFs está sob a responsabilidade do Instituto de Cardiologia, contratado em setembro de 2009 após o término do contrato com o Instituto Sollus.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Fogaça sabia e não fez nada

O diretório municipal do PT de Porto Alegre e a bancada na Câmara de Vereadores montaram um material questionando o prefeito Fogaça sobre sua omissão no desvio de quase R$ 10 milhões da área da saúde.

SAI DE BAIXO: CASA DE FOGAÇA COMEÇA A RUIR

Representação no Ministério Público Federal pede Ação de Improbidade Administrativa contra o prefeito de Porto Alegre.

Na tarde dessa quinta-feira, 11, a bancada de vereadores do PT na Câmara Municipal de Porto Alegre protocolará representação no Ministério Público Federal pedindo a responsabilização do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), por ato de improbidade administrativa.

Na peça, que será entregue ao Procurador-Chefe da Procuradoria-Geral da República – 4ª Região e à Procuradoria de Justiça do Ministério Público Estadual do RS, estão apontadas todas as falcatruas ocorridas no processo de contratação e de prestação de serviço do Instituto Sollus, desde 2007, bem como anexados todos os documentos comprobatórios das fraudes.

Se você leu o que publicamos aqui, em 24 de janeiro, já sabe que o Instituto Sollus – uma organização de alta picaretagem – manteve convênio, sem licitação, com a Secretaria Municipal de Saúde, entre 2007 e 2009. O resultado foi o desvio de mais de R$ 9,6 milhões, dinheiro que seria originalmente destinado ao Programa de Saúde da Família na capital gaúcha.

Já em 2007, Fogaça fora alertado por vários órgãos e entidades – entre eles, o próprio Ministério Público – sobre a inidoneidade do Sollus, mas não considerou as recomendações. Entre os documentos anexados à Representação, figura uma notificação enviada ao prefeito pelo MPE, assinada por ele próprio como “ciente” do aviso.

José Fogaça pretende abdicar de seu cargo ainda esse mês para candidatar-se a governador do Rio Grande do Sul. A julgar pelo nervosismo e pelo descontrole de seu líder na Câmara, o ainda prefeito está mesmo em maus lençóis. Se for denunciado à Justiça e condenado – e tudo indica que assim será –, Fogaça poderá ter sua candidatura impugnada e seus direitos políticos suspensos por alguns anos.
 
Do Cloaca News

quinta-feira, 4 de março de 2010

A Brigada, o ativista e o crachá

"a brigada militar me parou, abriu minha pernas, deu uns tapas no saco, chute nos garrões e qdo viram o cracha da rbs, me pediram desculpa..."


Postado em seu twiter @ManoelSoares_
Manoel Soares é membro da Central Única das Favelas (CUFA), e toca o blog Papo Reto.

Valter, o machão!

Na reunião da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, hoje (4/3) pela manhã, o vereador Valter Nagelstein, líder do governo Fogaça, agrediu verbalmente sua companheira de governo, Brisabel Rocha (PTB), que representava a Secretaria Municipal da Saúde.

O simples fato dela não se subordinar às suas ordens de ocultar fatos, ou de tumultuar a sessão, para que não se chegasse a lugar nenhum, levou o vereador ao total destempero.

Ao final da sessão, o machão lascou a seguinte frase contra Brisabel: "sua moleca, tu não deverias estar aqui".

Em sua defesa, já na sessão plenária à tarde, Nagelstein lembrou que em algumas sociedades as mulheres têm seus clitóris extirpados. O vereador afirmou ter repreendido a representante da Saúde que depôs hoje na Cosmam, por ela estar sendo insubordinada. “Se alguém vem aqui e eu dou uma orientação, não tirei isso da cartola, isso vale para homens e mulheres, que estão subordinados a um conjunto de comandos, a uma hierarquia”, argumentou Nagelstein, defendendo que “se ela desobedece, se somando a uma claque contra o governo que deveria representar”, deve sim ser repreendida.

Tanto o PT, como o PSOL defenderam Brisabel, pela forma deselegante como o líder de Fogaça na CMPA a tratou, chamando de "moleca".

Pedro Ruas (PSOL) disse ser equivocada a ideia de que a bancada de oposição quer a “morte” do governo. “Temos tantas obrigações com relação à cidade quanto a bancada de situação, não queremos a morte de ninguém, nem mesmo política, queremos sim que o Município tenha recursos”. Quanto à forma como o líder do governo se dirigiu à Brizabel Rocha, tratando-a com a expressão "moleca", Ruas afirmou ser uma atitude totalmente equivocada. "Aqui, ela veio para prestar um serviço público à sociedade, foi convidada para depor, vem dar informações e não pode ser tratada dessa forma, aqui ela tem a obrigação de falar a verdade", concluiu.

Sofia Cavedon (PT) criticou o líder do governo, que chamou de "moleca" a representante da Secretaria Municipal de Saúde, Brisabel Rocha, durante reunião hoje pela manhã na Cosmam. A vereadora também lamentou o aumento de mais de 100% nos assassinatos de mulheres na Capital em 2009 por maridos e ex-maridos. "Estes crimes mostram que muitos homens ainda têm a ideia de que a mulher é uma propriedade."

Fernanda Melchionna (PSOL) considerou "machista e autoritária" a postura de Valter. "É a postura de um ditador que acha que pode desautorizar uma mulher e chamá-la de moleca."

Maria Celeste (PT) falou do preconceito ainda existente no parlamento, "onde nos deparamos com visões machistas de homens que deveriam dar o exemplo". Celeste informou que irá entrar com requerimento contra a forma como o líder do governo se dirigiu à representante da Secretaria da Saúde, a quem ele se referiu como “moleca”.

Não será surpresa, se nos próximos dias, aparecer no Diário Oficial de Porto Alegre a exoneração de Brisabel.

Este blog gostaria de lembrar ao nobre vereador, que também é advogado, assédio moral é crime.
O artigo 136-A do novo Código Penal Brasileiro institui que assédio moral no trabalho é crime, com base no decreto - lei n° 4.742, de 2001. O Congresso Nacional então decreta, no artigo 1° - O decreto lei n° 2.848, de 07 de dezembro de 1940, que no artigo 136- A, depreciar, de qualquer forma, e reiteradamente, a imagem ou o desempenho de servidor público ou empregado, em razão de subordinação hierárquica funcional ou laboral, sem justa causa, ou trata-lo com rigor excessivo, colocando em risco ou afetando sua saúde física ou psíquica pode acarretar uma pena de um a dois anos de reclusão. Ainda no mesmo artigo consta que desqualificar, reiteradamente, por meio de palavras, gestos ou atitudes, a auto-estima, a segurança ou a imagem do servidor público ou empregado em razão de vínculo hierárquico funcional ou laboral pode causar a detenção de três meses a um ano e multa.

Fonte de consulta: http://www.camarapoa.rs.gov.br/
Foto: Lívia Stumpf

CASO SOLLUS

Falta de transparência!
Segundo informações do Ministério Público Federal reveladas à Comissão de Saúde da Câmara Municipal, na manhã desta quinta-feira (4/03), as denúncias envolvendo o Instituto Sollus são muito graves e estão sendo apuradas com todo o afinco pelo órgão e pela Polícia Federal. As principais denúncias envolvendo o esquema referem-se a inexperiência do Instituto Sollus na área da Saúde, os endereços fixos divergentes da entidade, sede indisponível para visitação, recomendação do MPE para que fosse suspenso o contrato em 2007, gastos desnecessários para gerenciar o Programa de Saúde da Família, aquisição de bens, emissão de notas frias e fraudes em outros contratos. O principal questionamento do Ministério Público é o mesmo que o nosso: como pode a prefeitura contratar um instituto sem idoneidade e transparência para gerenciar um programa tão importante para Porto Alegre? E onde estarão os R$ 10milhões da saúde, hein Fogaça?

quarta-feira, 3 de março de 2010

Agora a oposição quer ampliar o Bolsa Família

Depois de passar sete anos dizendo que o programa Bolsa Família era um programa eleitoreiro. Que o presidente Lula e o PT se beneficiava eleitoralmente com o "bolsa esmola", agora é o PSDB que quer faturar.

De autoria do senador Tasso Jereissati (PSDB), que prevê aumento no benefício do Bolsa Família para alunos que alcançarem boas notas nas escolas. Ao negar o caráter eleitoral do projeto, Tasso disse que o objetivo da mudança é priorizar a educação no programa.

Todos sabem que uma das premissas para a obtenção da Bolsa é a efetiva participação das crianças na escola.

O presidente Lula disse hoje que, em ano eleitoral, é preciso ter mais cautela com gastos públicos para evitar a "farra do boi", por isso a oposição deve apontar as fontes para custear o incremento do Bolsa Família. Segundo Lula, os políticos precisam ter consciência de que não se ganha voto banalizando as contas públicas. O presidente afirmou que a sociedade não acredita em iniciativas eleitoreiras e que a "mesquinharia" tem tomado conta dos políticos brasileiros.

CASO ELISEU - ENTREVISTA COM MARCOS ROLIM

A morte de Eliseu Santos está envolta em dúvidas profundas e fatos que não estão recebendo a devida publicidade, como as investigações relativas ao Instituto Sollus e o possível envolvimento de Eliseu e outros membros da prefeitura no desvio de R$ 10 milhões em verbas provenientes da saúde da capital. A postura da polícia e da grande imprensa também tem contornos confusos e questionáveis.


Diante disso, convidei Marcos Rolim para uma entrevista sobre o tema. Rolim é ex-deputado estadual e federal pelo RS, jornalista, consultor em Segurança Pública e Direitos Humanos, além de membro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. É membro fundador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Instituto Brasileiro de Justiça Restaurativa, integrando, ainda, o Comitê Nacional de Combate à Tortura.

Mirgon - Rolim, agradeço a sua disposição em conceder essa entrevista para o blog. O senhor tem sustentado que todos os indícios levam a crer que o assassinato de Eliseu Santos tenha sido uma execução, ao contrário do que os jornais e rádios têm veiculado em suas coberturas sobre a opinião das investigações. Que elementos são esses que o levam a discordar do rumo das investigações?

Marcos Rolim - Antes de responder esta primeira questão, gostaria de assinalar um aspecto da cobertura da imprensa que me parece relevante. Quem acompanhou as primeiras notícias sobre o assassinato e as matérias dos jornais de sábado percebeu que, depois disso, houve uma inflexão na cobertura da mídia que passou a assumir a hipótese do latrocínio. Uma das razões para esta mudança foi a de que a cúpula da Polícia Civil passou a tratar o fato como latrocínio antes mesmo que houvesse investigação. Quando coisas assim ocorrem pode apostar que há encrenca. Jornalistas possuem fontes nas polícias e, quase sempre, não mantém uma postura independente diante delas. A falta de formação na área e os laços de amizade e confiança que os setoristas vão construindo com suas fontes fazem com que, muitas vezes, os jornalistas se transformem em assessores de imprensa das polícias sem que se dêem conta disso. A propósito, uma polícia altamente profissionalizada não passa informações sobre rumos de investigação à imprensa, salvo quando esta atitude for importante para o sucesso da própria investigação.

Sobre os indícios, sabemos que furtos e roubos são “crimes de oportunidade”. A criminologia define assim aquele tipo de crime que, como regra, só ocorre quando os autores percebem uma oportunidade tida como favorável para a consumação. No caso, a oportunidade melhor para a abordagem da vítima se deu antes de Eliseu Santos acomodar mulher e filha no veículo. O fato dos autores terem esperado ele acomodar a família no carro para abordá-lo constitui uma evidência forte em favor da hipótese de execução. Na mesma linha, se o objetivo era roubar o carro, os autores poderiam tê-lo roubado após a morte da vítima. Ainda que não o fizessem, certamente levariam a pistola da vítima. Nada disso ocorreu, o que não bate com a conduta mais comum neste tipo de crime, mesmo quando há reação. Foi dito que os autores do crime eram “amadores” porque não usaram pistolas, mas revólveres. Digo que é mais “profissional” o assassino que usa revólver (desde que com munição de alto impacto), porque pistolas ejetam cápsulas que permitem à perícia informações relevantes sobre estojos e lotes de munição, etc. Revólveres não deixam este tipo de vestígio.

Não penso que seja uma coincidência o assassinato de dois médicos (Eliseu e Becker) – que se conheciam e que tiveram disputas na área da saúde – em um intervalo de pouco mais de um ano, em circunstâncias semelhantes, na mesma região da cidade, etc. É provável que exista relação entre os fatos. Esta hipótese, entretanto, é muito difícil para a Polícia Civil, porque pode colocar em questão as conclusões do inquérito sobre o assassinato de Becker. Haverá, além disso, problemas políticos de monta caso se confirme a hipótese da execução. Penso que tudo isso esteja conduzindo as investigações para uma conclusão apressada e errada ou, o que é pior, para uma conclusão mentirosa.

Mirgon - Segundo informação que o senhor postou no seu Twitter, os assassinos teriam tratado Eliseu pelo nome. O senhor confirma essa informação? Esse fato deveria ser determinante no rumo das investigações?

Marcos Rolim - Não sei se a informação é verdadeira. O que me foi dito por fonte confiável é que esta informação é de domínio da direção do PTB. Foi o que relatei no twitter: circula na direção do PTB que os assassinos chamaram a vítima pelo nome. É claro que se esta informação for verdadeira não restará dúvida sobre a natureza do fato.

Mirgon - Tendo sido realmente uma execução, uma das possibilidades é que tenha ligações com o caso Sollus. O senhor considera essa opção a mais provável? Por que?

Marcos Rolim - No caso de estarmos lidando como uma execução, o caso Sollus aparece – claro – como um tema importante. Não apenas pelos interesses envolvidos, mas por se tratar de escândalo recente. Lembremos que Eliseu havia prestado depoimento à PF na véspera. Não se pode dizer, entretanto, que o caso Sollus tenha maior probabilidade de estar na origem do assassinato, nem se deveria desprezar outras possibilidades. Para isso seria preciso conhecer melhor quem foi Eliseu Santos. Fomos deputados em um mesmo período e, embora nunca tenha tido uma relação próxima com Eliseu, lembro de ter ouvido dele, mais de uma vez, de que “prenderia o dedo” caso se encontrasse com um “vagabundo”. Sinceramente, Eliseu me parecia, desde aquela época, um sujeito capaz de “perder facilmente o contato com a torre”. Mais recentemente, fiquei sabendo que ele mantinha uma arma no porta-malas do seu carro, porque imaginava que assim teria chance de reagir caso fosse seqüestrado e colocado ali. Há alguns anos, Eliseu baleou um fotógrafo em uma discussão banal de trânsito em Porto Alegre e, por pouco não o matou. Isto evidencia um tipo de temperamento que o predispunha ao conflito, à ameaça, etc. algo, digamos, pouco evangélico. Óbvio que um sujeito assim faz muitos inimigos. Então, se confirmada a tese da execução, a polícia terá que lidar com muitas possibilidades, o que faz o caso mais difícil.

Mirgon - Para finalizar, o assassinato de Eliseu tem em comum com a morte de Marcelo Cavalcanti o fato de ter ocorrido em meio à investigações de corrupção que envolviam Eliseu no municipio e Cavalcanti no estado. A morte de Marcelo Cavalcanti nunca foi bem explicada e também restou dúvidas sobre um possível assassinato de queima de arquivo. Eliseu pode ter sido executado. Qual a sua opinião sobre esse momento de "faroestização" da política gaucha, antes tida como uma das mais qualificadas do país?

Marcos Rolim - Primeiro, penso que a política gaúcha nunca foi algo muito qualificado. Em um passado mais remoto, talvez. Mas nos últimos 50 anos, o que ocorreu com a política brasileira ocorreu com a política gaúcha. Houve uma desqualificação contínua em nossa representação parlamentar e se abriram possibilidades inéditas para a consagração eleitoral de máfias políticas nos governos. O fenômeno é generalizado e foi abatendo os partidos um a um. A pior notícia é que estamos no meio deste processo. Ou seja: ainda não chegamos ao fundo do poço. O que o RS teve, por um bom tempo, como diferencial foi uma sociedade civil mais organizada, mas ativa e consciente. Isto produziu um impacto na realidade institucional e fez com que os poderes funcionassem em um sentido mais republicano. Penso que estamos perdendo esta vantagem também pelo amesquinhamento do debate público, pelas simplificações oferecidas pela mídia, pela incapacidade que direita e esquerda têm demonstrado de revisar suas posições e se sintonizar com os grandes temas do mundo e da democracia.

A morte de Marcelo Cavalcante segue sendo um mistério. Na época, escrevi um artigo em ZH a respeito da seleção do afogamento por suicidas, com base em muitos estudos científicos, onde sustentei que as circunstâncias da morte dele desautorizavam a hipótese do suicídio. Sigo com esta opinião e, neste tempo todo, a Polícia Civil do DF não ofereceu uma só evidência capaz de contrastá-la. Francamente, acho que a Polícia não produziu o que poderia ter produzido, porque o governador do DF chamava-se Arruda.

Não acho que exista ligação entre as mortes de Marcelo E Eliseu. Mas é possível que exista uma característica comum entre as vítimas: ambos poderiam causar um estrago político considerável se contassem tudo aquilo que, provavelmente, sabiam.

Eliseu Santos afirmou na PF que já teria matado um homem

Em entrevista a uma rádio ontem, o Superintendente da PF, Delegado Ildo Gasparetto, disse que Eliseu Santos afirmou em depoimento à Policia Federal, um dia antes de morrer, que já teria matado um homem e que precisava renovar o porte de arma. O sinistro nisso tudo é que ninguém sabia desse fato, nem a Policia Civil, e não há registro do acontecido. A Policia Federal não deu detalhes e nem afirmou se a morte dessa pessoa tem relação com o assassinato ou com o desvio de R$ 9 milhões de reais da prefeitura de Porto Alegre. O delegado da Policia Civil, Ranolfo Vieira Junior, que investiga o caso, disse que nada consta nos resgistros policiais sobre o episódio.


Se Eliseu Santos afirmou em depoimento na PF que já teria matado um homem (quem seria?) e, poderia estar envolvido no desvio de recursos públicos da Prefeitura de Porto Alegre, então, estamos diante de um caso muito cabeludo.
 
Hoje pela manhã, na mesma rádio, foi noticiado que a Polícia busca os autores do crime junto aos ladrões de carros.
 
Ora!!! Será mesmo que querem empurrar a versão de latrocínio?
 
Perguntas a serem respondidas:
 
Matadores preferem usar revólver 38 porque a cápsula do projétil fica no tambor, ao contrário da pistola, que fica no chão e facilita a detecção na balística (Fonte: Investigador da PC). Por que afirmam que quem matou Eliseu era um "chinelo", pois não usava pistola?

Eliseu, por várias vezes, dizia que tinha sido ameaçado pelo dono da empresa Reação, o mesmo que denunciou o recebimento de propina pela SMS.

Eliseu era um cara brigão, arrumava desavensas com muita facilidade e "peitava" todo mundo. Será que a PC não levará em conta esses fatos em sua linha de investigação.

Marcelo Cavalcante foi achado morto em uma lagoa no DF. A PC de lá concluiu que foi suicídio. A lagoa em questão possui uma profundidade de no máximo 1,5 metros, e não foi encontrado nenhum resquício de água nos pulmões de Marcelo. Eliseu se matou?

terça-feira, 2 de março de 2010

Programa Brasilianas.org

Uma mensagem a todos os membros de Portal Luis Nassif

No dia 8 de março próximo estreia o Programa Brasilianas.org, a primeira experiência de mesclar TV aberta (TV Brasil) e Internet para a discussão de políticas públicas.

Estamos providenciando um portal especial para o projeto.

Mas já abrimos alguns grupos de discussão aqui neste Portal, para começar a colher opiniões, trabalhos, vídeos sobre os assuntos tratados.

Nos próximos dias, estaremos discutindo especialmente os seguintes temas:

* Caminhos para a música brasileira.

* Gestão no esporte: como compatibilizar os próximos eventos esportivos com a estrutura anacrônica dos clubes brasileiros.

* Modelo elétrico.

Entrando na home do Portal, há o endereço para os três grupos de discussão. Inclusive dicas sobre como você poderá se gravar, no seu micro, e enviar o vídeo para o Portal, sobre o tema tratado.

Venha ajudar na construção do conhecimento.

Abração,

Nassif

segunda-feira, 1 de março de 2010

Por que e como?

Uma das hipóteses para o assassinato do secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos, é de que ele foi vítima de uma tentativa de assalto. Neste caso, estaríamos diante de um latrocínio (roubar para matar) mesmo que nenhum bem material do secretário tenha sido levado. Contra esta hipótese, o testemunho da esposa do secretário que disse não ter ouvido qualquer anúncio de assalto. A esposa era a testemunha adulta (a outra seria a filha de seis anos) mais próxima de Eliseu no momento em que o tiroteio começou.
Mas se os homens que atacaram Eliseu queriam roubar o carro, por exemplo, porque o veículo não foi levado? Aliás, por que não roubaram nada, nem mesmo a pistola automática que ele carregava? Ladrões costumam gostar de armas sofisticadas e, para obtê-las, não raro, fazem verdadeiros sacrifícios.
A primeira explicação poderia ser de que, como já estava no inteiror do veículo quando a ação teve início, a esposa de Eliseu poderia não ter ouvido os ladrões anunciarem o assalto. Para responder ao segundo questionamento, poderia se dizer que, diante da reação do secretário (testemunhos levaram à conclusão de ele teria atirado primeiro), os homens teriam desistido do roubo e fugido num Vectra que os esperava por perto.
Mas aí surge outra questão: se os homens que acabaram matando Eliseu não tinham intenção deliberada de fazê-lo e queriam, apenas, roubar o carro, porque usaram um segundo veículo na ação? Sim, poderiam ser ladrões que atuam de modo planejado e o segundo carro estaria na cena apenas para o caso de alguma coisa sair errada como, efetivamente, saiu. Estaríamos, então, lidando com criminosos profissionais? Ou não são profissionais os ladrões que planejam seus assaltos?
Entretanto, se for assim, a segunda hipótese para o mistério da rua Hoffmann, a de que tenha havido uma execução, ganha alguma robustez. Ou seja, se foi coisa de profissional, o objetivo poderia ser o de tirar a vida de Eliseu. Para o pessoal de imprensa que chegou ao local do crime quando o corpo ainda estava no chão e para os policiais subalternos que primeiro atenderam a ocorrência, havia poucas dúvidas: a Eliseu fora dada uma “sentença” de morte. Só restava saber se a execução fora do próprio sentenciador ou de alguém a seu mando.
Foi o delegado Alexandre Vieira quem, lá pelas 3h da manhã de sábado, em entrevista à Rádio Gaúcha, tratou de esfriar esta primeira hipótese dizendo que assassinos profissionais não costumam agir em locais com tanta gente como a saída de um culto, não costumam atirar à distância (falava-se em cerca de 10 metros naquele momento) e, geralmente, usam armas de maior precisão e poder destrutivo (os projéteis no corpo de Eliseu, àquelas alturas já necropsiado, seriam de revólver calibre 38). Na linha de Vieira, o senador Sérgio Zambiasi (PTB) disse ter conversado com a viúva e que as palavras da mulher indicariam que houve, sim, uma tentativa de assalto.
A hipótese de execução não pode, contudo, ser descartada. Quando se investigam crimes deste gênero, uma das principais respostas que se procura é a motivação. O fato de o próprio Eliseu já ter dito publicamente que havia sido ameaçado e os rumorosos casos que envolviam seu nome, estão aí a manter viva esta trágica possibilidade
Que não se perca de vista que o tiro que matou Eliseu atingiu-lhe em cheio o coração. Se quem disparou o fez para reagir a um possível contra-ataque da vítima – hipótese de assalto - ou se visava mesmo matá-lo – hipótese da execução -, profissional ou não, atingiu seu objetivo.
Para que o caso Eliseu não caia no mesmo escaninho do caso Daudt, até hoje insolúvel, convém ainda pensar para além das hipóteses iniciais. E se quem matou o secretário não foi um assassino profissional nem um ladrão supreendido com a reação da vítima, mas um desafeto qualquer que, premido por algum sentimento de raiva ou vingança, resolveu tirar-lhe a vida? Mais: e se foram sim, assassinos profissionais que, exatamente para criar a confusão atual, simularam um asssalto? Seja como for, o mistério está aí a desafiar a competência da Polícia. Mais do que apresentar os personagens ainda ocultos do brutal assassinato de Eliseu Santos, cabe à Polícia responder à sociedade gaúcha, com provas irrefutáveis, como e por que o crime aconteceu. (Maneco)

Está sendo construída uma versão apolítica e inodora para a morte violenta do secretário de Fogaça


Cristóvão Feil chama a atenção, no Diário Gauche, para a rápida guinada editorial da RBS na cobertura do assassinato do ex-vice-prefeito e secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos (PTB). Na noite de sexta, logo após o crime, e na manhã de sábado prevalecia a “convicção generalizada de que o secretário havia sido executado por um de seus muitos desafetos”,como afirmou o jornal Zero Hora no sábado. Menos de 24 horas depois de afirmar isso, porém, ZH mudou de linha e passou a esvaziar a imagem do Eliseu “brigão” e “polêmico”. O Diário Gauche resume assim essa guinada:

“A espontaneidade das primeiras horas cede espaço para um tratamento editorial que visa esvaziá-lo de conteúdos políticos ou que envolvam interesses relativos ao submundo das disputas licitatórias, ligações com o caso Pathos, o recentíssimo depoimento da vítima à Polícia Federal que apura suspeitas de corrupção na prefeitura de Porto Alegre, ameaças de morte recebidas reiteradas vezes pelo secretário, etc”.

Desde os primeiros momentos após o assassinato, integrantes da cúpula da segurança pública passaram a defender a tese do latrocínio, tese esta rapidamente comprada pela mídia, que além de começar a construir essa narrativa (do latrocínio), engajou-se num processo de quase canonização do secretário morto, assegurando que ele estava “mudando para melhor” no governo Fogaça.

Primeiro delegado a chegar ao local do crime, Alexandre Vieira (aquele que peitou Enio Bacci e conseguiu a demissão do Secretário de Segurança junto à governadora, sendo promovido depois) fez a frase que pode ser considerada como resumo dessa guinada: “Se o matador planejou, planejou mal”. Nesta terça-feira, o jornalista Humberto Trezzi repete essa tese em ZH, ao falar de “assassinos brancaleones”. Se foi uma execução, diz ele, “estamos diante do atentado praticado pelo maior grupo de trapalhões jamais reunido no submundo”.

Há crescentes rumores de que o autor do “latrocínio” pode ser apresentado nas próximas horas, definindo o caso como crime comum e iniciando assim o fim do “caso Eliseu”. O fato de o assassinato ter ocorrido 24 horas depois de Eliseu Santos depor na Polícia Federal sobre a fraude no Programa Saúde da Família, na prefeitura de Porto Alegre, iria para a gaveta já repleta de “coincidências” não explicadas neste período recente da política gaúcha.