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segunda-feira, 1 de março de 2010

Por que e como?

Uma das hipóteses para o assassinato do secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos, é de que ele foi vítima de uma tentativa de assalto. Neste caso, estaríamos diante de um latrocínio (roubar para matar) mesmo que nenhum bem material do secretário tenha sido levado. Contra esta hipótese, o testemunho da esposa do secretário que disse não ter ouvido qualquer anúncio de assalto. A esposa era a testemunha adulta (a outra seria a filha de seis anos) mais próxima de Eliseu no momento em que o tiroteio começou.
Mas se os homens que atacaram Eliseu queriam roubar o carro, por exemplo, porque o veículo não foi levado? Aliás, por que não roubaram nada, nem mesmo a pistola automática que ele carregava? Ladrões costumam gostar de armas sofisticadas e, para obtê-las, não raro, fazem verdadeiros sacrifícios.
A primeira explicação poderia ser de que, como já estava no inteiror do veículo quando a ação teve início, a esposa de Eliseu poderia não ter ouvido os ladrões anunciarem o assalto. Para responder ao segundo questionamento, poderia se dizer que, diante da reação do secretário (testemunhos levaram à conclusão de ele teria atirado primeiro), os homens teriam desistido do roubo e fugido num Vectra que os esperava por perto.
Mas aí surge outra questão: se os homens que acabaram matando Eliseu não tinham intenção deliberada de fazê-lo e queriam, apenas, roubar o carro, porque usaram um segundo veículo na ação? Sim, poderiam ser ladrões que atuam de modo planejado e o segundo carro estaria na cena apenas para o caso de alguma coisa sair errada como, efetivamente, saiu. Estaríamos, então, lidando com criminosos profissionais? Ou não são profissionais os ladrões que planejam seus assaltos?
Entretanto, se for assim, a segunda hipótese para o mistério da rua Hoffmann, a de que tenha havido uma execução, ganha alguma robustez. Ou seja, se foi coisa de profissional, o objetivo poderia ser o de tirar a vida de Eliseu. Para o pessoal de imprensa que chegou ao local do crime quando o corpo ainda estava no chão e para os policiais subalternos que primeiro atenderam a ocorrência, havia poucas dúvidas: a Eliseu fora dada uma “sentença” de morte. Só restava saber se a execução fora do próprio sentenciador ou de alguém a seu mando.
Foi o delegado Alexandre Vieira quem, lá pelas 3h da manhã de sábado, em entrevista à Rádio Gaúcha, tratou de esfriar esta primeira hipótese dizendo que assassinos profissionais não costumam agir em locais com tanta gente como a saída de um culto, não costumam atirar à distância (falava-se em cerca de 10 metros naquele momento) e, geralmente, usam armas de maior precisão e poder destrutivo (os projéteis no corpo de Eliseu, àquelas alturas já necropsiado, seriam de revólver calibre 38). Na linha de Vieira, o senador Sérgio Zambiasi (PTB) disse ter conversado com a viúva e que as palavras da mulher indicariam que houve, sim, uma tentativa de assalto.
A hipótese de execução não pode, contudo, ser descartada. Quando se investigam crimes deste gênero, uma das principais respostas que se procura é a motivação. O fato de o próprio Eliseu já ter dito publicamente que havia sido ameaçado e os rumorosos casos que envolviam seu nome, estão aí a manter viva esta trágica possibilidade
Que não se perca de vista que o tiro que matou Eliseu atingiu-lhe em cheio o coração. Se quem disparou o fez para reagir a um possível contra-ataque da vítima – hipótese de assalto - ou se visava mesmo matá-lo – hipótese da execução -, profissional ou não, atingiu seu objetivo.
Para que o caso Eliseu não caia no mesmo escaninho do caso Daudt, até hoje insolúvel, convém ainda pensar para além das hipóteses iniciais. E se quem matou o secretário não foi um assassino profissional nem um ladrão supreendido com a reação da vítima, mas um desafeto qualquer que, premido por algum sentimento de raiva ou vingança, resolveu tirar-lhe a vida? Mais: e se foram sim, assassinos profissionais que, exatamente para criar a confusão atual, simularam um asssalto? Seja como for, o mistério está aí a desafiar a competência da Polícia. Mais do que apresentar os personagens ainda ocultos do brutal assassinato de Eliseu Santos, cabe à Polícia responder à sociedade gaúcha, com provas irrefutáveis, como e por que o crime aconteceu. (Maneco)

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